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Transporte Marítimo

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MAR VERMELHO

A estabilidade do transporte marítimo global está pendendo perigosamente à medida que a ameaça de ataques de militantes Houthi coloca em risco mais de 800 navios, representando cerca de um terço da capacidade mundial de transporte. Essa perturbação significativa está gerando apreensão entre os especialistas, com alertas de que as próximas semanas serão cruciais para o tráfego marítimo entre a Ásia e a Europa, assim como do Mediterrâneo para a Ásia.

A situação se agrava devido à grande demanda que precede o Ano Novo Chinês em fevereiro, aumentando a pressão sobre as empresas de transporte de cargas e contêineres. Muitas dessas empresas se viram forçadas a alterar suas rotas, abandonando o Canal de Suez em favor de contornar o Cabo da Boa Esperança. Este ajuste não só adiciona vários dias à viagem, mas também acarreta custos consideráveis.

Os últimos dados do Índice Mundial de Contêineres da Drewry revelam um aumento alarmante de 61% no custo por contêiner de 40 pés em apenas uma semana, atingindo a marca de US$ 2.670. Esse valor representa um aumento de 88% em relação às médias de 2019 (pré-pandemia), quando estavam em US$ 1.420.

Além disso, indicadores apontam para uma realidade preocupante nas principais rotas Leste-Oeste, como Transpacífico, Transatlântico e Ásia-Norte da Europa e Mediterrâneo. Entre as semanas 02 (8 de janeiro a 14 de janeiro) e 06 (5 de fevereiro a 11 de fevereiro), foram anunciados 78 cancelamentos de viagens, representando 12% do total de 650 viagens programadas.

 

ATAQUES

Os Houthis, desencadearam seu mais impactante ataque até o momento, redefinindo o panorama do comércio marítimo. Segundo fontes militares dos Estados Unidos, o ataque contou com 18 drones de ataque, dois mísseis de cruzeiro antinavio e um míssil balístico antinavio. Felizmente, as aeronaves F/A-18 do porta-aviões Dwight D. Eisenhower, juntamente com três destróieres norte-americanos e um destróier britânico, conseguiram neutralizar todas as ameaças.

A repercussão desse evento já se manifesta nas rotas comerciais globais, especialmente no comércio marítimo em torno do Mar Vermelho. Testemunhamos uma mudança significativa no mapa mundial do transporte marítimo nos últimos meses, à medida que os Houthis intensificaram seus ataques contra navios.

Em dezembro de 2023, observou-se um notável aumento de 450% no número de navios porta-contentores e um incremento de 100% nos petroleiros que optaram pela rota do Cabo da Boa Esperança, evitando assim os riscos associados ao Mar Vermelho.

Este aumento expressivo no tráfego ao redor da África do Sul não apenas impactou os preços dos bunkers, que dispararam, mas também criou preocupações sobre a disponibilidade adequada de combustível para a frota de navios redirecionados. O desvio através do Cabo da Boa Esperança implica em tempos de trânsito mais longos e um consumo de combustível mais elevado por unidade de mercadoria transportada, comparado ao Canal de Suez.

Além dos custos inerentes ao combustível e às emissões, surge uma consideração adicional em relação ao recentemente implementado regime de comércio de emissões pela União Europeia (EU ETS).

O ataque dos Houthis não apenas evidencia os desafios imediatos na segurança marítima, mas também desencadeia uma série de transformações estruturais no comércio global.

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